data-filename="retriever" style="width: 100%;">Na década de 1970, um economista alemão, Klaus Schwab, concebeu o que deveria ser o grande encontro do capitalismo mundial, empresas e governos, para realizar negócios, tratar de investimentos e pressionar por liberdade econômica e fortalecimento de fundamentos capitalistas e de livre comércio. A ideia virou organização, o Fórum Econômico Mundial, que protagoniza vários eventos sendo o principal a reunião anual em Davos, bela cidade suíça nas montanhas há décadas procurada por endinheirados para tratamentos respiratórios e descanso.
O conclave assumiu o polo das pregações neoliberais e da globalização presenciadas na ordem mundial a partir de então. Como tal, atraiu também a oposição de movimentos e organizações de pensamentos à esquerda e temerosos dos efeitos da avassaladora onda neoliberal e globalizante. Os mesmos protestos e manifestações que rodearam reuniões promovidas pelo Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial e potências econômicas, faziam-se presentes nos arredores de Davos, enquanto seus participantes realizavam negócios, pressionavam governos e divertiam-se em animadas celebrações noturnas patrocinadas por grandes empresas.
Bem mais tarde, em 2001, os pensamentos opositores à agenda liberal e globalizante criaram o contraponto através do Fórum Social Mundial, cuja história nos é mais conhecida já que nasceu em Porto Alegre, foi itinerante e hoje se realiza por eventos em diferentes países.
O mundo do terceiro milênio confundiu um pouco as posições: movimentos à direita, conservadores e nacionalistas, passaram a combater a globalização e o livre comércio (Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, revelou-se protecionista e tem confrontado o livre comércio); o ocidente desenvolvido teve sua confortável forma de viver, isolado das multidões pobres do mundo, seriamente abalada por intensos e incontroláveis fluxos migratórios com razões humanitárias; os movimentos e as organizações não governamentais passaram a ter voz em diferentes eventos oficiais.
Davos fez esforços de reciclagem e de convívio com as novas realidades. Em anos recentes, abriu sua agenda a alguma temática social e deu voz a outros atores e pensamentos. Tudo sem abandonar a insistência em redução do tamanho do Estado, liberdade econômica, receitas nada distributivas e assim por diante.
Este ano, foi impossível ignorar que o colapso do meio ambiente vai ali adiante inviabilizar até mesmo o investimento e o lucro, além, de comprometer a sobrevivência da humanidade. E mais esta janela se abriu em Davos: questões como o aquecimento global e a poluição de terra, mares e atmosfera pela ação do homem estiveram em pauta. Teria o capitalismo se dado conta de sua tendência suicida? Quanto mais consumismo desenfreado, rápida obsolescência das manufaturas para substituição por novas e busca exclusiva pelo lucro fácil e imediato, menor sobrevivência para o ambiente e o ser humano.